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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Apresentação do projeto e do subsídio da Colônia de Férias 2011

A promoção dos direitos humanos, em particular, da criança (Trecho texto do Reitor-Mor)

A promoção dos direitos humanos, em particular, da criança*
Pe. Pascual chavez Vilanueva, sdb - Reitor Mor

Somos herdeiros e portadores de um carisma educativo que tende à promoção de uma cultura da vida e à troca das estruturas. Por isso, temos o dever de promover os direitos humanos. A história da Família Salesiana e a sua rápida expansão, mesmo em situações culturais e religiosas tão distantes e diversas daquelas que viram o seu nascimento, testemunha como o sistema preventivo de Dom Bosco é uma porta de acesso garantida para a educação juvenil, de qualquer contexto, e uma plataforma de diálogo para uma nova cultura dos direitos e da solidariedade. Como salesianos, a educação aos direitos humanos, em particular aqueles da criança, é a via privilegiada para realizar, nos diversos contextos, o empenho de prevenção, de desenvolvimento humano integral, de construção de um mundo mais équo, mais justo, mais salubre. A linguagem dos direitos humanos nos permite também o diálogo e a inserção da nossa pedagogia nas diferentes culturas do mundo.

4.1. Promover os direitos humanos como educadores
Perante tantas situações problemáticas em que vivem as crianças e os jovens em todas as partes do mundo, somos chamados, conforme o exemplo de Dom Bosco, para estarmos presentes ao lado deles, para defender a sua dignidade e para garantir a eles um futuro digno e positivo.

Na promoção dos direitos humanos, em particular aqueles da criança, o nosso empenho deve ir além do puro assistencialismo, mesmo se muitas vezes somos obrigados a tamponar situações de emergência, sem nos limitar à defesa dos seus direitos, quando são violados ou esquecidos. Devemos assumir o compromisso próprio do educador, que procura o crescimento pessoal do jovem e da jovem e o seu desenvolvimento integral na consciência da sua dignidade e responsabilidade.

“Dom Bosco sentiu-se enviado por Deus para responder ao grito dos jovens pobres e intuiu que se era importante dar respostas imediatas às dificuldades deles, era mais importante ainda prevenir as causas. Com o seu exemplo, queremos ir ao encontro deles, convencidos de que o modo mais eficaz para responder às suas pobrezas é propriamente a ação preventiva”.

Em muitas das minhas intervenções, procurei mostrar que a educação é o caminho privilegiado para essa ação preventiva e renovadora das múltiplas situações de dificuldade e de marginalização que atingem os meninos, as meninas e os jovens no mundo. Apresentei, sobretudo, o Sistema Preventivo de Bom Bosco sob uma ótica de assunção consciente de responsabilidade por parte do educador, que se transforma de objeto de proteção, porque possui necessidades, em sujeito responsável, porque possui direitos e reconhece os direitos alheios, preparando no jovem de hoje, o cidadão de amanhã.

O Sistema Preventivo busca prevenir o mal através da educação, mas, ao mesmo tempo, ajuda os jovens a reconstruir a própria identidade pessoal, a revitalizar os valores que esses não conseguiram desenvolver, a elaborar e a descobrir, em razão da situação de marginalização deles, razões para viver com sentido, alegria, responsabilidade e competência. Além disso, tal Sistema certamente acredita que a dimensão religiosa da pessoa é a sua riqueza mais profunda e mais significativa. Por isso, como última finalidade de todas as suas propostas, procura orientar cada jovem em direção à realização da sua vocação de filho de Deus.

Fiéis, então, a essa preciosa herança, temos que nos empenhar como educadores na promoção e defesa dos direitos humanos e dos direitos da criança, preocupados, principalmente, com o desenvolvimento integral da pessoa dos jovens. Convém relembrar o chamado insistente, que eu mesmo e nós salesianos de todo o mundo, reunidos no 25º Capítulo Geral, no ano 2002, endereçamos aos responsáveis e interessados pelo futuro da humanidade e, em particular, dos jovens: “Estamos do lado dos jovens, porque temos confiança neles, na sua vontade de aprender, de estudar, de sair da pobreza, de pegar o seu futuro com as próprias mãos. (...) Estamos do lado dos jovens porque acreditamos no valor da pessoa, na possibilidade de um mundo diverso e, sobretudo, acreditamos na educação. (...) Educar os jovens é o único modo de preparar um futuro positivo para o mundo. Globalizemos juntos o comprometimento para com a educação!”.

4.2. Promover a cultura dos direitos

A educação se propõe também como objetivo de construir uma cultura dos direitos humanos, capaz de dialogar, persuadir e, em última instância, de prevenir as violações desses direitos, antes de puni-las ou reprimi-las.

A pobreza e a marginalização não são um fenômeno puramente econômico, mas uma realidade que toca a consciência das pessoas e desafia a mentalidade da sociedade, isto é, a cultura. É necessário passar de uma cultura do ter, do aparecer, do dominar, para uma cultura do ser, da gratuidade e da compartilha. A esse ponto, quero mencionar as palavras do Papa Bento XVI, no seu discurso de abertura da V Conferência Geral do CELAM, em Aparecida (Brasil). O Papa dizia:

«Como responder ao grande desafio da pobreza e da miséria? (...) Tanto o capitalismo quanto o marxismo prometeram encontrar a estrada para a criação de estruturas justas e afirmaram que essas, uma vez estabelecidas, teriam funcionado individualmente; afirmaram que não teriam só tido necessidade de uma moralidade individual anterior, mas que esses teriam promovido a moralidade comum. E essa promessa ideológica demonstrou-se falsa. Os fatos o evidenciaram. O sistema marxista, nos governos em que foi instaurado, não deixou somente uma triste herança de destruições econômicas e ecológicas, mas também uma dolorosa opressão das almas. E vemos também a mesma coisa no mundo ocidental, onde cresce constantemente a distância entre pobres e ricos, e produz uma inquietante degradação da dignidade pessoal com a droga, o álcool e as miragens enganadoras de felicidade.
As estruturas justas são uma condição indispensável para uma sociedade justa, mas não escondem nem funcionam sem um consenso moral da sociedade sobre os valores fundamentais e sobre a necessidade de viver esses valores com as renúncias necessárias, até mesmo contra o interesse pessoal. Onde Deus está ausente – Deus com a aparência humana de Jesus Cristo –, esses valores não se mostram com toda a sua força, nem se produz um consenso sobre esses. Não quero dizer que os não crentes não possam viver uma moralidade elevada e exemplar. Somente digo que uma sociedade, na qual Deus está ausente, não encontra o consenso necessário sobre os valores morais e a força para viver segundo o modelo desses valores, mesmo contra os próprios interesses».

O Sistema Preventivo e o espírito de Dom Bosco nos chamam hoje para um compromisso certo, individual e coletivo, que deseja modificar as estruturas da pobreza e do subdesenvolvimento e, sobretudo, para promover esses valores morais que garantem a renovação das mentalidades e dos comportamentos, que estão na base das situações de injustiça. Através da educação, queremos promover a cultura do outro, da sobriedade no estilo de vida e de consumo, da disponibilidade em compartilhar gratuitamente, da justiça entendida como atenção ao direito de todos. É essa a cultura da dignidade da vida, do compromisso solidário, da abertura à Transcendência.

4.3. Algumas exigências
A promoção dos direitos humanos e dos direitos da criança deve ser, em nossas mãos, um instrumento potente de educação e de transformação cultural. Isso requer o cuidado de algumas exigências importantes, que garantam esse compromisso.
Uma releitura salesiana dos direitos
Cada um de nós, que como educadores e educadoras escolheu a visão antropológica cristã, a mesma visão que inspirou Dom Bosco, deve se tornar um defensor e promotor dos direitos humanos e da criança. Uma releitura salesiana dos princípios que estão na base desses pode nos ajudar nisso. Eis alguns elementos dessa leitura, com referência principalmente aos direitos da criança.

Integralidade da pessoa e aplicação do princípio de indivisibilidade e interdependência de todos os direitos fundamentais da pessoa: civis, culturais, religiosos, econômicos, políticos e sociais.

“Quero que sejam felizes agora e sempre” e a aplicação do princípio de um desenvolvimento humano integral, um desenvolvimento que, na visão holística da Convenção dos Direitos da Criança, inclui os aspectos físicos, mentais, culturais, espirituais, morais, sociais e políticos. Não basta uma lógica de assistência nem de garantia da sobrevivência; deve-se oferecer às crianças os elementos necessários para o seu adequado e pleno desenvolvimento. Isso nos faz ficar atentos às situações que, de fato, limitam essa integralidade na dinâmica quotidiana do processo educativo.
“Um por um” e o princípio do superior interesse da criança. Esse princípio da Convenção frisa a necessidade de conhecer adequadamente cada situação e cada aspecto da vida da criança e de saber valorizar as mesmas opiniões das crianças para escolher e orientar as intervenções educativas para o bem deles. Tal atenção à situação concreta do jovem é basilar na prática do Sistema Preventivo.
Centralidade da criança como sujeito ativo e o princípio da participação. Escutar, envolver, fazer com que as crianças participem das questões concernentes à vida deles é o caminho para responsabilizá-los como membros da sociedade em que vivem, para potencializar as suas habilidades sociais. Com esse espírito, devem ser revistas as formas de acolhida e de participação das crianças nos nossos programas e atividades educativas.
O “basta que sejam jovens, para que os ame tanto” e a aplicação do princípio de não discriminação. Isso se conjuga com a identificação dos destinatários privilegiados da missão salesiana: os jovens mais pobres e desfavorecidos, aqueles que arriscam serem marginalizados, os que têm dificuldades, os refugiados, os imigrantes, os abandonados, os jovens vítimas de abusos, etc. Nesse sentido, deveríamos favorecer a participação e o protagonismo dos mais frágeis nos ambientes educativos, nas atividades propostas, nos diversos tipos de grupo, etc.

Uma escolha renovada de compartilha comunitária
O caráter comunitário da experiência pedagógica salesiana requer que o trabalho seja sempre feito em grupo, como comunidade educativa. Não é possível fazer tudo sozinho, como os pioneiros, ou mover-se de modo auto-referencial. Somente na comunidade é possível garantir as condições de um ambiente e de uma ação realmente educativa. É preciso desenvolver uma mentalidade de rede, tanto entre as diversas realidades da Congregação, quanto com os outros sujeitos que têm um interesse particular na educação e a vida das crianças.
Transformar a sociedade pela parte interna, desenvolvendo a nossa missão educativa, requer o despertar de novas energias culturais e sociais, superar situações de notável injustiça, apelar às responsabilidades sociais de todos. Como salesianos, com os nossos múltiplos recursos e com o nosso rico patrimônio espiritual e pedagógico, temos uma importante responsabilidade. Devemos ser o núcleo animador e o centro de convocação de todos aqueles que estão dispostos a assumir solidariamente o compromisso educativo segundo o estilo de Dom Bosco. Compartilhar a defesa dos direitos humanos e da criança pode constituir uma forte motivação para garantir solidez a essa colaboração e para apoiar o duro empenho quotidiano.

Uma intencionalidade pastoral renovada
Para garantir a eficácia da via dos direitos humanos na ação educativa pastoral salesiana, deve-se amadurecer a convicção da relação irrenunciável entre a educação e a evangelização. “Precisa-se relembrar que a evangelização sempre se desenvolveu junto com a promoção humana e a autêntica liberação cristã. Amar Deus e amar o próximo se fundem entre si: no mais humilde encontramos Jesus e em Jesus encontramos Deus (Cfr. Deus caritas est 15). Pelo mesmo motivo será também necessária uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja... A vida cristã não se exprime somente nas virtudes pessoais, mas também nas virtudes sociais e políticas”.

A ação salesiana inclui sempre a preocupação para a salvação integral da pessoa: conhecimento de Deus, comunhão filial com Ele através da acolhida de Cristo, mediação sacramental da Igreja. Tendo escolhido a juventude e os jovens pobres, os Salesianos aceitam os pontos de partida em que os jovens se encontram e a sua possibilidade de percorrer um caminho em direção à fé. Em cada iniciativa de recuperação, de educação e de promoção da pessoa, anuncia-se e se realiza a salvação, que será posteriormente explicitada na medida em que os sujeitos se tornarem capazes. Cristo é um direito de todos. Deve ser anunciado sem pressa, mas sem deixá-los passar em vão.

Próprio com referência a Cristo, o Homem novo pode nos ajudar a repensar o compromisso da promoção dos direitos humanos e de educação dos jovens mais desfavorecidos e em risco, fazendo-nos compreender a meta da realização integral da vida humana. “A comparação com Jesus de Nazaré... não estabelece nenhum limite, alternativa ou sucessiva, àquela em direção da qual estão a caminho os homens empenhados na promoção dos direitos humanos. A reflexão e a reformulação na verdade do ser homem ou mulher no projeto de Deus”.


Conclusão

Permitam-me de concluir com um pequeno poema de Gabriella Mistral, breve, mas cheio de sentido profético, que dá razão do porquê hoje, mais do que nunca, deve-se falar de “emergência educativa”, e como hoje, mais do que nunca, a saída se encontra no coração de Dom Bosco:


O seu Nome é “Hoje”
Nós somos culpados por muitos erros, e muitas são as nossas culpas,
Mas o nosso pior crime é abandonar as crianças,
Desprezando a nascente da vida.
Muitas das coisas de que necessitamos podem esperar.
A criança não pode.
Este é o momento em que os seus sentimentos estão se desenvolvendo.
À criança não podemos responder “Amanhã”
O seu nome é “Hoje”.

Gabriella Mistral
Chilena, Prêmio Nobel de Literatura

Curso DH- DHnet parte 01

Direitos Humanos - conceitos (parte 2)

Vídeo sobre Direitos Humanos - conceitos (parte 01)

Organização do subsídio 2011

A cartilha “Direitos Humanos: queremos viver melhor” tem 4 encontros preparatórios para Animadores e 10 encontros para os adolescentes e jovens, baseados em 10 direitos selecionados dentre os 30 artigos da declaração universal dos Direitos Humanos, trazendo uma abordagem salesiana. Em cada um, você encontra sugestões de oração, reflexão e gestos concretos. Também foi estruturado roteiro de teatrinhos para cada um dos encontros. Além disso é possível encontrar letras de músicas e textos formativos complementares. Veja o Sumário:
-Apresentação
- Introdução: Direitos Humanos e Sistema  Preventivo
- Encontros com os animadores: 1. Identidade e prática do educador(a)/animador(a) salesiano; 2. Sistema Preventivo e Direitos Humanos; 3. Estreia 2011: um apelo às vocações; 4. O Voluntariado Missionário Salesiano
- Orientações para o uso do subsídio
- Encontros:
1. Liberdade e Igualdade;
2. Vida Segura;
3. Trabalho e Dignidade;
4.Lazer;
5.Saúde;
6. Educação e Cultura;
7. Comunicação;
8.Respeito às diferenças;
9. Diálogo e Identidade e
10. Amor e Partilha

- Teatros / Leitura Complementar/ Músicas

Sobre Temática escolhida

No ano de 2009 em Roma, o Reitor Mor, superior geral dos salesianos, através do Dicasterio para a  Pastoral Juvenil, VIS (Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento) e outras organizações em defesa da vida, convocou toda a Família Salesiana à refletirem sobre o Sistema Preventivo e Direitos Humanos.
    Nesta perspectiva, também nós queremos levar aos jovens e presenças, esta importante temática. Um mundo melhor é possível e todos nós somos convocados a fazer nossa parte.
    O tema: Direitos Humanos e o Lema: Queremos viver melhor, motivarão todos os participantes e comunidades a conhecer, defender e promover os direitos humanos.
Pe. Gilberto Antônio da Silva

Sobre o projeto

Desde 2005 a Inspetoria Salesiana do nordeste, juntamente com a Família Salesiana, amigos e parceiros, vem realizando as “colônias de Férias’ em diversas cidades da região.
A atividade oferece a centenas de crianças, adolescentes e jovens de baixa renda a oportunidade de viver o período das férias de modo produtivo e construtivo, participando de diferentes atividades de caráter cultural, religioso e de tempo livre.
Todos os anos a Pastoral Juvenil prepara um subsídio, que é de extrema importância para sintonia e conhecimento temático, além de ser roteiro para atividades.
Durante os últimos anos, uma média de 800 a 1.000 animadores espalhados por  mais de 30 localidades, doam voluntariamente seu tempo e energias, para desenvolver as colônias de férias, numa verdadeira corrente de mobilização e solidariedade.